A paz é a quietude do espírito e do coração em todas as circunstâncias e experiências, mesmo ou sobretudo nas mais turbulentas, perigosas, violentas e difíceis. A verdadeira paz é simultaneamente uma dádiva e uma conquista, se nos conseguirmos abrir e comungar o fundo sem fundo da realidade e da vida, as profundas entranhas do oceano do mundo onde desde sempre habita a verdade e jamais penetra o turbilhão das vagas à superfície. É nessa paz profunda, que reside no íntimo do ser e da consciência, que radica a possibilidade da nossa pacificação, individual e coletiva.
Essa pacificação vem do aprofundamento da sabedoria e da compreensão, do amor e da compaixão, da alegria e da gratidão, da paciência, do perdão e da confiança. Por esta via, inseparável da plena atenção ao que se passa a cada momento no nosso interior, a turbulência dos pensamentos e emoções aquieta-se, deixamos de nos identificar com eles e começamos a ver como são irrisórios perante o espaço amplo e pacífico em que se formam, transformam e dissipam. Pela meditação e pela contemplação vemos e experimentamos que a agitação e o drama não tocam jamais a paz da nossa natureza profunda e impoluta, que começamos assim a descobrir como a nossa verdadeira identidade, inseparável da natureza comum de tudo e todos.
Sintonizados com a paz que somos, irradiamo-la e partilhamo-la, sem esforço e sem dar por isso, em tudo o que pensamos, dizemos e fazemos, ou no simples estar aqui e agora, conscientes, sem nada fazer senão respirar e ser. Sintonizados com a paz que somos, vivemos no mundo sem participar da sua turbulência e conflito, deixamos de ser obstáculos e tornamo-nos veículos da divina e sagrada presença e respiração que circula em todas as coisas. Então a felicidade é constante florescimento e frutificação.
Autor: Paulo Borges. Copyrights iLIDH 2015-