A mais original igualdade é a de todos os seres e fenómenos enquanto idênticas manifestações, irrepetíveis e únicas embora interligadas, do fundo sem fundo da realidade e da vida. Neste sentido todos são sagrados e dotados de um valor intrínseco, irredutível à sua avaliação, mercantilização e instrumentalização por interesses económicos ou outros. O mundo e a natureza são imensamente dignos de respeito, no seu todo e em cada entidade interdependente que os constitui. Todos os seres, do mais elementar ao mais complexo, são igualmente importantes, pela sua incomparável singularidade e por cada um conter em si a totalidade do universo no qual simultaneamente está contido, consoante a visão holística do mundo onde hoje convergem as milenares tradições espirituais e a ciência contemporânea.
No plano humano, a igualdade radica não só em todos os seres humanos serem idênticos enquanto diferentes manifestações da mesma vida universal, mas em possuírem todos um ilimitado potencial de desenvolvimento e realização que não é suscetível de comparações e juízos segundo critérios externos. Cada ser humano, tal como cada ser vivo e cada fenómeno do universo, é uma fulguração esplendorosa e única do mistério do mundo e como tal deve ser reconhecido e respeitado, por mais elementar, limitado ou negativo que pareça ser a um olhar superficial ou precipitado. A evolução das sociedades, nações e culturas mede-se pelo grau em que integrem no domínio público e privado este reconhecimento, respeito e confiança nas inesgotáveis potencialidades de cada ser humano, bem como pela sua capacidade de estimular e promover o seu pleno desenvolvimento.
Autor: Paulo Borges. Copyrights iLIDH 2015-