O amor é o sentimento que naturalmente brota de um coração livre e sensível à interconexão de todas as formas de vida. Na sua plenitude é a aspiração ativa à felicidade de todos os seres, sem esperar nada em troca. O verdadeiro amor é infinito, universal e incondicional. Todos temos esse potencial, que se realiza alargando a cada vez mais seres o desejo profundo de que nós e os nossos entes queridos sejamos plenamente felizes. O caminho para o verdadeiro amor é o da expansão desse desejo de felicidade, irradiando em círculos cada vez mais amplos, até abranger todo o universo e todas as expressões da vida, sentindo-as a todas como íntimas e próximas.
O amor é uma empatia movida pela sabedoria e pela bondade. Quando desperta, não há dificuldade que não seja vencida, obstáculo que não se converta em degrau para uma consciência e realização maiores, fraqueza que não se transforme em força. O amor dissolve o egoísmo, a possessividade e o apego num cuidado altruísta pelo bem do outro, que o deixa livre para ser quem é, sem o instrumentalizar como um objeto que satisfaça as nossas ideias, desejos e expectativas. Quem ama nada teme e não tem adversários nem inimigos, pois estende o amor mesmo a quem agride a si ou a outros. Quem ama não aspira a outro poder que não seja o de amar cada vez mais. E outro poder não há.
Pode ser que “amar” derive do indo-europeu “amma”, o som da criança a chamar pela mãe, o que mostra o amor na encruzilhada entre a sede ávida do seio materno e a generosidade incondicional com que este se oferece. Passar da sede para a fonte resume todo o sentido da vida, se quisermos evoluir do consumo ávido de pessoas, objetos e experiências para a divina superabundância que em nós e no mundo reside e é a própria Vida universal. A inesgotável fonte da compaixão.
Autor: Paulo Borges. Copyrights iLIDH 2015-