A experiência da verdade, a comunhão com a ilimitada plenitude da realidade e da vida, é a liberdade. A verdade liberta do sentimento de separação e solidão, do egocentrismo, do medo e da insegurança, das preocupações com o passado, o futuro e o presente. A verdade liberta da insatisfação com a vida e do desejo possessivo, da agressividade e da indiferença, que surgem quando nos ficcionamos desligados do mundo e dos outros seres.
A liberdade é a experiência de residirmos no Infinito e de, no íntimo, não termos outros limites senão os que imaginamos. A liberdade faz das nossas vidas processos em aberto, exuberantes de possibilidades, que não se definem nem esgotam nas identidades que construímos, nos hábitos que criamos e no que pensamos, dizemos e fazemos a cada momento. Podemos sempre ir noutro sentido e ser outros. Podemos sempre transformar-nos e procurar o que for melhor para tudo e todos. Podemos sempre evoluir. Ou podemos simplesmente repousar em quietude no fundo sem fundo de quem desde sempre somos, aqui e agora.
A liberdade torna-nos responsáveis por tudo o que fazemos ou não, a nível mental, verbal e físico. Pela liberdade somos cocriadores do mundo, que não existe separado do modo como o percecionamos e nele interagimos. A liberdade desmente o fatalismo e abre horizontes de crescimento e esperança.
A liberdade é multidimensional. Para que cada ser humano se desenvolva integralmente, é fundamental a liberdade económica, política e cultural, pela qual satisfaça as suas necessidades básicas, exerça a sua cidadania e expanda as suas faculdades. Mas a liberdade não existe se não formos responsáveis pelo impacto das nossas ações sobre todos os seres e a Terra. Se a liberdade for exercida sem respeito pelo outro, humano, animal e natureza, se a liberdade for exercida contra si mesma, nega-se e destrói-se, pois somos todos interdependentes.
Por isso a suprema forma de liberdade não é o fazer o que se quer, mas a libertação da ignorância, da insensibilidade e do egocentrismo. A liberdade radica na verdade e floresce e frutifica no amor e na compaixão.
Autor: Paulo Borges. Copyrights iLIDH 2015-